to choose each other. every single day.

They say a relationship is a choice you make everyday.
I believe it couldn’t be more true.

To choose kindness instead of meanness.
To choose empathy when you find it difficult to understand.
To choose support as many times as needed.
To choose communication instead of easy judgment.
To choose truth in your (best and worse) feelings and actions.
To choose respect, even more when you’re angry.
To choose humbleness instead of pride (hours, if needed) after each fight.
To choose to pay attention even when you’re tired.
To choose to be home, shelter and confort.
To choose not to hurt (your words included).
To choose forgiveness as soon as you’re ready to.
To choose love, hugs, and holding hands.
To choose each other. Every single day.

// a non-rhyme poem for my accomplice //

POEMA DE ANO NOVO

Nós.
O sol quando se deita.
A neblina desta cidade
– há quem diga que é charme,
há quem lhe chame personalidade.
O amor de quem nos quer bem.
Isso que seja perene.
Isso não nos tire ninguém.
Nem mesmo o ano que se muda.
Nem mesmo a década que aí vem.
Mudar é bom,
mudar faz bem.
Só não subestimem o previsível.
A constância. A repetição.
A beleza de ser casa para alguém.
E a certeza, a confortante certeza,
que o que nos é casa sempre se mantém.

mais Pedros no mundo

Cada vez mais me falham as palavras para falar sobre (o que realmente importa do) Pedro. Mas mesmo com falhas, dias como este deixam-me sem opção.

O Pedro é um coração bom, que bate sem pressa. A pressa ficou-lhe nas pernas, que querem correr mundo em contra-relógio, porque, para o coração bom do Pedro, tudo no mundo tem algo bonito para ver.

O Pedro é paciência, ternura, simplicidade. O Pedro é amor que vive nas horas dos dias. Não é amor de contos de fadas, fácil, utópico, inalcançável. O Pedro é o amor difícil, o amor que persiste, o amor que se mostra em todas as páginas e não apenas no fim da história. O Pedro é o amor tangível em cada gesto, um amor dedicado, sincero, que, de tão presente, de tão resiliente, às vezes se sente bom demais para ser real.

Mas ele existe, faz hoje 33 anos. E eu celebro-o a ele, e ao amor que me dá todos os dias, sem excepção. Celebro a pessoa melhor que sou por o ter comigo. Na verdade, o mundo era um lugar melhor se houvessem mais Pedros assim. São raros, mas eu quero acreditar que há por aí um para cada um de nós. E se o vosso já está aí ao lado, há que abraçá-lo sem pressa. Acreditem em mim, com um Pedro por perto, o mundo bonito pode esperar.

a primeira

“Uma casa é o que fazemos dela”, já o ouvi dizer uns pares de vezes, embora nas últimas semanas de forma mais sentida, como se me quisesse falar diretamente ao coração, lembrando-o que levamos connosco o mais importante. E é verdade, ele sabe bem o que diz. Mas mesmo depois de despidas, estas paredes ainda guardam uma energia, que, do atrevimento da minha ingenuidade, ouso agora pôr em palavras.

Estou sentada nos últimos degraus da escada, imagino que há uns dez minutos, ao lado de um silêncio tranquilizador. Não queria outra companhia nesta despedida. Ele compreendeu – conhece-me já de uma forma que dispensa mais explicações – e saiu com o Buddha para o passeio do entardecer. Não é, por isso, de estranhar, que o primeiro som que subtilmente espreita pelas frestas deste silêncio soberano seja exatamente o das patas do cão a desfilar pelo chão de madeira onde tantas vezes adormeceu, desde que se conheceram, já lá vão dois anos e uns trocos.   

O som vai agora perdendo a força, como se o Buddha se afastasse pouco a pouco. Em seu lugar, mesmo à minha frente, ouço agora o piano a tentar contar uma história que já não é de hoje, tropeçando entre as notas, desajeitado, nos típicos soluços de quem está ainda a aprender.

Um descuido na concentração, o olhar guina para a esquerda, e num ápice embato de frente contra o som das gargalhadas de uma mesa cheia de amigos. São o som da cumplicidade a que os anos vão dando forma, o som da euforia dos reencontros mais ou menos frequentes, onde se acumulam as novidades, os mexericos, os novos planos, as teorias, e as palavras atropelam-se pelas prioridades não definidas, porque parece que esta noite todos têm algo para contar. O jantar vai esfriando, mas ele que se agasalhe, porque aqui todos sabem que não passa de um pretexto para a verdadeira necessidade básica do momento: a partilha mais genuína à mesa da amizade. Demoro-me nesta imagem uns bons minutos. Estou a rever as caras, os brindes, as notícias de fazer cair o queixo, as confissões entre garfadas, as lágrimas e os abraços, as discussões guardadas num jogo de tabuleiro, as despedidas e os encontros; vidas, como dizem eles.

Uma pausa, olhos fechados, e um suspiro tímido enquanto volto para o encosto do silêncio. Vem aí a melhor parte do dia. Agora não há som que me distraia. Agora, há apenas a minha cabeça contra o peito dele, dois corpos entregues ao colo de um sofá que perdura contrariando todas as previsões, ao epílogo de mais um dia, ao amor que – como almofada – está lá sempre, à nossa espera, quando, cansados, nos damos finalmente por vencidos.


 

A casa está vazia, mas na minha cabeça as memórias acotovelam-se para se fazer recordar. Foi a primeira, e esse título já ninguém lhe tira, por mais despida que se venha a encontrar. E desengane-se quem julga que ela perdeu o charme, porque estas paredes de pedra não deixam esquecer por um segundo a personalidade vincada com que me apanhou, desprevenida e comovida, no primeiro instante em que fomos apresentadas. Fica o charme, o silêncio, e um amor escondido nos recantos da memória. Fica uma casa feliz. A tristeza levamos nós, empacotada em caixas de cartão. E fica, à janela, mesmo junto à mesa que ainda há pouco deixei, um convite sincero a todos os que feliz a queiram manter: “anda sentar-te à minha beira”.





________

A todos os que por ela passaram, ao meu amor que lhe deu tanto significado, e ao Pedro – super-herói reformado – que aceitou este desafio ingrato de deixar em imagens pedaços do que aqui se viveu, o meu sincero obrigada. Estas palavras lamechas – e as imagens magníficas do Pedro – são para vós. Por hoje, é o que posso dar. Amanhã, talvez se arranje um copo de vinho tinto.

o amor é simples

Podemos ter uma vida complicada, um trabalho complicado, uma agenda complicada. Podemos ter até um cabelo complicado, um familiar complicado, uma decisão complicada para tomar. Mas o amor, esse não há forma de o complicar.

O (meu) amor é tão simples que me dá a certeza que o melhor lugar para estar é ao teu lado. Todos os dias. Nem que seja um bocadinho só.

O (meu) amor é tão simples que não deixa que nenhuma despedida seja fácil. Por dois dias ou por duas semanas, não há forma de querer largar aquele abraço de até já.

És o meu amor simples. Descomplicado. O meu Porto seguro, a minha casa. O meu colo e o melhor dos aconchegos. O meu suspiro, o meu mar sereno. A minha pausa, o meu silêncio. O meu confidente, o meu amigo. O que me tira do sério e o que me arranca um sorriso quando já nem eu sabia como o resgatar. És as metáforas todas que ainda não fizeste, a paciência infinita para as minhas luas e trovoadas.

És tanto e tão simples assim,
amor.

há dias para

Há dias para amar
e dias para resmungar

dias para receber colinho
e dias para amuar com beicinho

dias para a resiliência
e aqueles dias, em que os dois, somos só impaciência

dias tangentes à perfeição
e aqueles outros, malditos, onde até banalidades são matéria-prima para discussão.

Em todos somos, por inteiro,
o nosso melhor e pior
o nosso mais verdadeiro.

Há dias e dias, é certo
mas todos terminam assim
com um abraço apertado,
orgulho arrumado para o lado,
e a certeza que, no fim,
não há outro lugar
onde queiramos estar
que não este:
lado a lado.

(que nunca nos falte o abraço fácil em cada um dos dias difíceis ♡)

cinco na voz e no piano


ele sabe de cor
todas as caras
que me escapam nas alturas mais bizarras
o tempo voou
e nós distraídos
a dançar com a vida
entre sonos mal dormidos
suspirando por dias mais compridos

este meu amor
mais que perfeito
quase não cabe na cama onde me deito
e mesmo apertadinho
tal é o apreço
dá-me um cantinho onde à noite adormeço
ali, no abraço do seu peito

e sentados no sofá rasgado
plas patas d’um cão endiabrado
reescrevemos a vida a três
a traduzir latidos pra português
entre um beijo, e um bocejo demorado

de manhã a perdição
é por ele e pelo cão
só de vê-los tudo em mim é vontade
de me esconder no cobertor
fingir doença de amor
daquelas raras
que nem posso ir trabalhar

e sentados no sofá rasgado
plas patas d’um cão endiabrado
reescrevemos a vida a três
a traduzir latidos pra português
entre um beijo, e um bocejo demorado

que a vida siga a sorrir
e o catan a discutir
se não faltar chocolate
está tudo bom

(sai uma mão cheia com direito a música ao piano, húngaros e um cão quase embriagado ♡)

adaptado de: https://www.youtube.com/watch?v=wdb1V0Bn9fc
letra: edições diana bocejo

quase na mão cheia

Viver a dois não é poesia,
e tem tudo menos monotonia.
Tem uma máquina de roupa para estender
porque amanhã vai estar dia de verão.
E dez pares de meias para dobrar,
sempre com um olho no fogão.

Tem também um documento partilhado
com a lista do supermercado.
E, todos os dias, tem para inventar
a ementa para o jantar.

No meio do carrossel de afazeres
o tempo segue na sua cadência,
e corre sempre para a próxima volta
sem cobrar com antecedência.

Por isso, há que ser ousado
e desenhar um plano detalhado
para o fazer abrandar:
pode ser de encontrão ou rasteira,
ou apresentar-lhe uma moça solteira,
para o deixar distraído.
É aí que a gente se vinga
e faz esticar o momento
num abraço apertado,
num olhar apaixonado,
ou naquele sorriso rasgado.
A escolha fica a cargo do leitor:
importante é que o amor
se mantenha alimentado.

______
para o melhor cúmplice de rasteiras ao tempo, euromilhões da minha vida,
Sr. Pedro-que-já-pica

noites de temporal


Noites de temporal
deviam chamar-se Domingo.

Domingo a gente respeita,
e mal se levanta, se deita
encarquilhado no sofá
como roupa por passar.

Assim quem passa é o tempo
enquanto assobia o vento

e quando os afazeres chamam
em busca da nossa atenção,
é só ter a manta à mão
para esconder bem escondidinho
de um e qualquer vocativo:
é que em noites de temporal
o mundo ainda leva a mal
se a gente ousa ser produtivo.

Deixa chover, com vontade,
a chuva que leve a saudade
e O traga de volta para nós.

ode à preguiça


Eu não acredito em férias
mas que as há, há!
Tanto que o meu pijama
nem sabe se prefere a cama,
ou a manta e o sofá.

Agora falem baixinho
enquanto eu medito um pouquinho.
É que a arte de ouvir a moleza
até tem a sua beleza,
mas exige respeitinho.

Vão indo, não se aborreçam,
Eu cá fico no meu vagar.
Sei bem que esta inatividade
ainda vai deixar saudade.
Há que não a apressar.

Neste ócio criativo
mesmo sem querer, sou produtivo:
tanto que já fiz promessa
ao tal engenho que, com a pressa,
chega a ser intimidativo.

Sr. Relógio, escute-me bem:
a vida não se quer tão fugaz.
No intervalo da sesta
lanço-lhe a cana de pesca
e arrasto o ponteiro para trás.


Bem-vindo de volta a casa,
Pedro Bocejo.