cinco na voz e no piano


ele sabe de cor
todas as caras
que me escapam nas alturas mais bizarras
o tempo voou
e nós distraídos
a dançar com a vida
entre sonos mal dormidos
suspirando por dias mais compridos

este meu amor
mais que perfeito
quase não cabe na cama onde me deito
e mesmo apertadinho
tal é o apreço
dá-me um cantinho onde à noite adormeço
ali, no abraço do seu peito

e sentados no sofá rasgado
plas patas d’um cão endiabrado
reescrevemos a vida a três
a traduzir latidos pra português
entre um beijo, e um bocejo demorado

de manhã a perdição
é por ele e pelo cão
só de vê-los tudo em mim é vontade
de me esconder no cobertor
fingir doença de amor
daquelas raras
que nem posso ir trabalhar

e sentados no sofá rasgado
plas patas d’um cão endiabrado
reescrevemos a vida a três
a traduzir latidos pra português
entre um beijo, e um bocejo demorado

que a vida siga a sorrir
e o catan a discutir
se não faltar chocolate
está tudo bom

(sai uma mão cheia com direito a música ao piano, húngaros e um cão quase embriagado ♡)

adaptado de: https://www.youtube.com/watch?v=wdb1V0Bn9fc
letra: edições diana bocejo

quase na mão cheia

Viver a dois não é poesia,
e tem tudo menos monotonia.
Tem uma máquina de roupa para estender
porque amanhã vai estar dia de verão.
E dez pares de meias para dobrar,
sempre com um olho no fogão.

Tem também um documento partilhado
com a lista do supermercado.
E, todos os dias, tem para inventar
a ementa para o jantar.

No meio do carrossel de afazeres
o tempo segue na sua cadência,
e corre sempre para a próxima volta
sem cobrar com antecedência.

Por isso, há que ser ousado
e desenhar um plano detalhado
para o fazer abrandar:
pode ser de encontrão ou rasteira,
ou apresentar-lhe uma moça solteira,
para o deixar distraído.
É aí que a gente se vinga
e faz esticar o momento
num abraço apertado,
num olhar apaixonado,
ou naquele sorriso rasgado.
A escolha fica a cargo do leitor:
importante é que o amor
se mantenha alimentado.

______
para o melhor cúmplice de rasteiras ao tempo, euromilhões da minha vida,
Sr. Pedro-que-já-pica

A SUAVE ATRAÇÃO DA PROCRASTINAÇÃO (note-se que a rima foi totalmente espontânea, isenta de qualquer esforço, tal como o tema obriga)

Como é que algo que sabe tão bem (qualquer coisa entre chocolate com avelãs ou café acabadinho de tirar) nasceu com um nome tão complicado? Deve ser de propósito. Só pode ser de propósito.

Procrastinar podia ser uma arte. Assim só estaria ao alcance de alguns praticá-la, e nós, os restantes mortais, estaríamos a salvo dos seus encantos desde que não frequentássemos museus ou a Rua de Miguel Bombarda. Mas não, a procrastinação tinha que nascer mais acessível que as ervas daninhas. Ali, pronta a usar, a sussurrar o nosso nome no mesmo tom que o sofá lá de casa no final de um dia extenuante.

Sabem o que é mais invejável na procrastinação? É que está sempre em férias. Um dos possíveis retratos da procrastinação seria um braço flácido (porque a procrastinação não faz exercício, procrastinar é, já em si, O exercício) com dois bilhetes (pensão-mais-que-completa-totalmente-free-of-charge) na mão, para um qualquer lugar – onde o sol brilha com a intensidade certa naquele momento – e, ao fundo, uma rajada de vento que se avizinha com o único propósito de fazer voar um desses bilhetes diretamente para a nossa testa, para que não tenhamos que ser nós a dar o primeiro passo naquela relação. Mais que isso, exige-nos todo um jogo de cintura caso tenhamos a disciplinada ideia de recusar o convite.

Procrastinação não cansa, já nasceu cansada.
Procastinar não suja e, mesmo que sujasse, de certo poderia ir à maquina para lavar – procrastinar não combina com tecidos delicados que obrigam a lavar à mão.
Não custa dinheiro.
Não está dependente de condições meteorológicas. Mais grave: é igualmente apetecível quando chovem cântaros lá fora ou quando o sol não faz gazetas.

Em suma, procrastinação tem tudo para ser uma relação de longa duração. Bodas de ouro, assim, fácil.

Passei as duas últimas horas com ela. A tentar usufruir em pleno da sua companhia. Começou bem, mas o mesmo não posso dizer da forma como acabou: quão má sou eu a procrastinar quando acabo a escrever sobre isso?

chocolate e boas histórias

Do capítulo ‘coisas que mais gosto’: chocolate, e uma boa história.

É sobre isso que escrevo hoje: boas histórias. Não tenho por hábito queixar-me da minha criatividade. Ela vai aparecendo, de quando a quando, e eu faço por tratá-la bem. Gosto da companhia dela. Gosto do facto de não ter que pagar por ela. Mas, mais do que tudo, gosto da sensação de poder transformá-la nos sorrisos, nas lágrimas ou nos suspiros e caretas das pessoas que nos lêem.

E depois há aqueles momentos. Aqueles momentos em que sou eu e ela que vestimos as emoções. Aqueles momentos em que lemos uma boa história e nos sentimos pequeninas. Mas um pequenino bom, um pequenino com o sabor doce de quem ouve uma boa história antes de adormecer. Um pequenino com a cadência e previsibilidade de quem pede sempre a mesma história noites a fio. E todas as noites adormece feliz.

É por isso que, sempre que ouço uma boa história, o meu corpo rende-se e aplaude cada detalhe, reviravolta, clichê ou déjà vu que a boa história possa ter. Porque as histórias reais são assim mesmo: ricas em detalhes camaleonicamente subtis, em clichês que podiam ter sido escritos por dois adolescentes apaixonados, feitas de reviravoltas inesperadas, de armadilhas em forma de déjà vu que nos relembram que, noves fora, não somos muito diferentes quando o assunto se trata de ser (in)feliz. A vida real é sobre a amizade e as gargalhadas. Sobre o medo e a solidão. É sobre a morte – não tanto a nossa, sim tanto a dos que amamos. Sobre a família, essa velha conhecida que nasce com o super-poder de ser caos e devastação e ao mesmo tempo escudo e serenidade. Sobre os dias que se repetem e as noites mal dormidas. Sobre a resiliência. Sobre os dramas mais banais e nem por isso menos dramáticos. Sobre vícios e limites. Sobre o sonho, a utopia, ou esta predisposição humana de correr atrás da perfeição. Do companheiro perfeito. Do casamento perfeito, o trabalho perfeito. De ser a mãe ou o pai perfeito. É sobre o amor. Sobre aquele amor maior que fica sempre ali, teimoso e persistente, sentado, a comer tremoços com barbas de algodão-doce, enquanto assiste, tranquilo, ao desfile das nossas muitas imperfeições, com a certeza que nenhuma o fará desistir daquele lugar.

This Is Us é tudo isto. É uma boa história. Melhor do que isso, é uma boa história que podia ser real. Somos nós e as nossas vidas banais. E que bonitas que elas são. Que confortante é perceber que ficam ainda mais bonitas, mais especiais, quanto as vemos assim, na bancada. Ou no sofá, enrolados na manta que ainda sobrevive porque a PrimaVera este ano é toda ela timidez. Aqueles somos nós. Já se deram conta? Alguém nos raptou pela calada e nos transportou para aquela história bonita e surpreendentemente real. Alguém – tão genial como a criatividade que lhe saiu na rifa – pegou em nós e criou uma boa história, e eu voltei a ser emoções, voltei a ser sorrisos e lágrimas, e suspiros e caretas. Episódio atrás de episódio. Duas temporadas corridas, mal posso esperar para ouvir as próximas boas histórias que esse alguém escreveu sobre as nossas vidas banais.

Até lá, que nunca me falte o chocolate, e a vida segue feliz.

noites de temporal


Noites de temporal
deviam chamar-se Domingo.

Domingo a gente respeita,
e mal se levanta, se deita
encarquilhado no sofá
como roupa por passar.

Assim quem passa é o tempo
enquanto assobia o vento

e quando os afazeres chamam
em busca da nossa atenção,
é só ter a manta à mão
para esconder bem escondidinho
de um e qualquer vocativo:
é que em noites de temporal
o mundo ainda leva a mal
se a gente ousa ser produtivo.

Deixa chover, com vontade,
a chuva que leve a saudade
e O traga de volta para nós.

reuniões de condomínio

Há palavras que nasceram condenadas ao desdém. À aversão. À repulsa. Ao quase-ódio. Dou-vos um exemplo: despertador. Não há como amar esta palavra. No melhor cenário, ela mora na rua da indiferença, para aquelas alminhas que acordam, espontaneamente, quase tão cedo como a hora a que eu me deito. E bem-dispostas, como se não bastasse. Mesmo a roçar o feito super-heróico.

Bróculos, outro exemplo. Não há como gostar de bróculos, e quem diz que gosta não seria capaz de o fazer sob juramento em tribunal. É só mais uma forma de boa-ação-do-dia, isso de gostar de bróculos. E como são verdes, ganha-se pontos extra (nem que seja em tempo de compensação). Se ainda assim forem biológicos, fica-se com a semana arrumada no setor das boas ações, que garante imediatamente um chapéu de sol e uma espreguiçadeira no reino dos céus.

Ralos. Piaçabas. Feriados-ao-fim-de-semana. Segundas-feiras. Reuniões-de-condomínio. E fiquemo-nos por aqui, porque aqui nasce o meu apelo. Pobres palavras condenadas ao desamor fruto do contexto onde se geraram. Sugiro uma abordagem diferente: reposicionemo-las no tabuleiro de jogo de anca que é o nosso dia-a-dia. Terminou, há pouco, mais uma reunião de condomínio no meu prédio. Éramos 4 e um cão, com um total de adesão de 100% dos inquilinos, como manda a tradição do 381. Discutimos a atualidade. Criticámos coisas. Soluções? Muito poucas. Divagámos. Viajámos para o passado-ai-que-antes-é-que-era-bom (já não se faz música assim) e, minutos depois, para o futuro-que-vai-ser-de-nós (carros em Marte e foguetões que sobrevivem mais que algumas músicas candidatas ao Festival da Canção). Enfim, fomos felizes, nestas 4 horas de serão, cumprindo todos os requisitos a que uma reunião de condomínio obriga. Alguém, no seu perfeito juízo, batizaria estes encontros como “meros jantares de amigos”. Mas de água benta eles têm muito pouco. Quanto muito aquela pós-milagre, transformada em vinho tinto. Assim, “reuniões de condomínio” pareceu-me bem mais original.

Ter “reuniões de condomínio” com os melhores vizinhos que nos podiam sair na rifa tem tudo para correr bem. Resolve-se logo um conjunto de questões da ordem de trabalhos: resolvem-se os problemas do mundo com boas intenções; resolve-se a saudade que vai tomando proporções desumanas na ressaca entre reuniões; resolve-se um dia, ou uma semana, que nasceu torto/a com gargalhadas tão apuradas como o jantar cozinhado com carinho q.b. E resolve-se este karma do conceito – e respetivo preconceito que, em flagrante parasitanço, partilha a casa, comida e roupa suja – das reuniões de condomínio.

Sejamos mais fortes. Mudemos a perspetiva. Adotemos um cão a quem vamos chamar “segunda-feira”. Anda aqui, Segunda-feira. Senta. Dá a pata. Ou um cágado a quem vamos chamar Piaçaba. Inventemos uma sobremesa chamada cutão. Uma lotaria especial “bolor”, para celebrar os seus não-sei-quantos-anos-de-existência. Nem todas as palavras podem nascer com a benção de um domingo de manhã. Com o conforto de uma manta felpuda e um par de pantufas. Com a classe de um brunch ou a atração de uma almofada. Mas nós podemos fazer a nossa parte, oferecendo-lhes uma vida plena de circunstâncias diferentes. Para mim, as reuniões de condomínio estão salvas do mau-olhado para a eternidade e mais além. E tu, já salvaste uma “palavra” hoje?

terras de ninguém

Enquanto a empregada dança entre as mesas esfomeadas, fecha-se um negócio importante para a empresa que se mudou recentemente para aquela rua. O barulho de fundo na sala permite manter o sigilo nesta que foi a reunião mais importante do mês, testemunhada por dois cappuccinos, um café, uma meia torrada e um croissant misto.

Lá fora, no banco do jardim mais próximo, há um rapaz que engole em seco enquanto procura as palavras certas para dizer à namorada que o amor por ela, como o viveu, já não o reconhece mais.

O mundo equilibra-se ao seu jeito e, à mesma hora, na praia, há um casal de namorados que troca beijos inocentes atrás das rochas, porque ainda é cedo para contar aos pais.

São as terras de ninguém dos nossos dias. Cafés, bancos de jardim, areais extensos emprestados pelo mar. Lugares neutros em emoções, histórias e vivências. Áreas livres de julgamento. Lembro-me tão bem de quais foram as minhas, até então. E amanhã, quem sabe, nascerá uma mais.

Curiosas, estas terras de ninguém. Tão discretas e tão secretas, são perfeitas neste papel de se manterem iguais a si mesmas, dias a fio, de forma a que quem passa não desconfie sequer que algo de importante, para um outro alguém, passou um dia por ali.

De repente, aquele café, aquela mesa onde me sento há anos, faz-me pensar de quem será ele/ela terra de ninguém? Quantos apertos de mão já terá testemunhado? Quantos negócios já terá selado? Quantos carrosséis de emoções já terá alimentado?

E o mesmo acontecerá no caso daquele outro café, que nunca me atraiu e onde nunca entrei. Ou no banco de jardim onde nunca me sentei. Ou em tantos outros pedaços de chão neutro que nunca sequer reparei. Quem sabe não são eles as vossas terras de ninguém.

desabafo de uma infratora

Sabes que a Polícia Municipal no Porto não tem o trabalho em dia quando recebes em casa, em 2018, a multa de uma infração que cometeste em 2016. Por outro lado, ela tarda mas não falha. Aposto que alguns políticos gostavam que os casos deles fossem tratados com tanta seriedade em tribunal como a que dedicaram a este que tenho em mãos e em débito. Pior que ser “multado”, é ficar neste eterno limbo de ser ou não ser punido, com aquele risco perverso da prescrição.

A primeira vez que o teu carro é rebocado é como o primeiro amor. Tu achas que nunca se esquece. Mas, na verdade, perdem-se alguns detalhes na persistência do tempo que passa. Por exemplo, eu esqueci que afinal só tinha pago o reboque, ainda faltava chegar a multa a casa. E, tal como prometido, ela apareceu. No seu vestido vermelho mais bonito, vulgo carta registada. Deve ter sido por isso que demorou tantos meses, esteve a pôr-se bonita para mim. Não tive coragem de lhe fazer a desfeita, e hoje de manhã fui levantá-la ao posto CTT mais próximo, que – abençoada seja eu – não fica a 10km de minha casa, embora tenha 10km de fila.

2016. Ora, o papa esteve em Fátima em 2017. Será que a minha multa não cumpriu os requisitos de absolvição? Talvez não tenha sido redigida na melhor caligrafia. Talvez o papel devesse ser reciclado. Talvez o meu carro devesse mover-se a água-benta.

Mudando a perspectiva, 2018 está a começar dando-me a oportunidade de fechar um ciclo. E só me pede 30 euros em troca. Podia ser pior, menina infratora. Vamos lá, pagar mais e reclamar menos se faz o favor. Já vou, já vou. Mas antes uma última nota: algo de mal se passa no mundo quando somos multados numa rua que se chama “Felicidade Brown”. Na Rua da Felicidade não devia haver multas. Na verdade, nem devia haver carros. Só se podia andar a pé. Mas sem corridas e trilhos e essas coisas da moda. O mundo está cheio de gente com pressa. Na Rua da Felicidade os ponteiros são preguiçosos. E as pessoas também podem ser, principalmente às segundas-feiras de manhã. A Rua da Felicidade era uma rua bonita para morar, não fosse eu ter sido multada lá. Talvez por isso se chame “Felicidade Brown”. Para avisar as pessoas que é uma felicidade disfarçada. Os mais distraídos lêem Brownie e pensam: “porquê o pleonasmo?”. Mas na verdade é só isso: castanha. Uma Felicidade Castanha que nem para o magusto serve.

Não se deixem enganar. Já dizia o clichê nº 320: “a Felicidade não é um destino, é uma viagem”.

o coração tem lugares estranhos

O coração tem lugares estranhos. E por estranhos não entendam maus. Estranhos. Aquela estranheza de algo que não sabemos definir. Ensinaram-me na escola que o coração tinha duas aurículas e dois ventrículos. Mas ninguém me ensinou que além deles existiam ainda estes lugares: estranhos.

2018 tinha acabado de se estrear no mundo. Pintado de fresco. E depois de me ter dado música para os primeiros passos de dança do ano, deu-me um reencontro. Ofereceu-me a alegria de rever alguém que trazia na memória com muito carinho, e no coração nesse lugar estranho que não consigo definir.

Temos uma mão cheia de anos de diferença e duas mãos cheias de anos sem nos cruzarmos. E com o mesmo acaso que os nossos caminhos se encontraram por uma semana em dois anos consecutivos no passado, quis 2018 juntar-nos na mesma cidade e na mesma pista de dança.

Ontem vingámos 10 anos de ausência da melhor forma: sentados à mesa da saudade, a fazer companhia a um bom vinho. As conversas atropelaram-se, as palavras eram tantas e tão escasso o tempo. Experimentem recuperar 10 anos num jantar de 4 horas. Já vi exames de matemática mais fáceis. Foi tanta a vontade de correr atrás do tempo que passou que nem tive tempo para cair em mim e sentir como me estava a fazer bem aquele reencontro. Como estava agradecida a 2018 por esta surpresa. Como o mesmo carinho que tenho por este “miúdo” se mantinha cá, tão vivo e tão sincero, como na semana em que o conheci. Um carinho que vive nesse lugar estranho do coração que eu não sei definir. Não o chamaria de amigo, embora lhe desse a minha amizade sem pensar duas vezes. Não é família, embora lhe queira bem como a um irmão. É um lugar estranhamente bom, estranhamente estranho, ao qual eu vou querer voltar.

A chuva decidiu continuar o que 2018 começou.
Que venha por isso a próxima garrafa de vinho, com a avalanche de palavras que ainda ficaram por dizer. E com espaço para eu poder sentir como sou feliz nestes acasos e nestes lugares estranhos do coração.

Para ti, Alexandre, só uma última adenda: o guarda-chuva é parolo, mas é meu. Por isso trata de pensar em o devolveres.

Para vocês, pessoas, um desabafo: se não se puderem oferecer mais nada este ano, ofereçam-se a alegria de um reencontro com o(s) lugare(s) estranhos do vosso coração.