3 ANOS DE EXPERIÊNCIA(S)


 

Olá pessoas,
Parece que é verdade aquele clichê que se ouve em cada 11 de 10 conversas aleatórias entre humanos: o tempo voa. (Pausa para um suspiro vosso). É ele e as pombas, que por mais discreto que eu seja nunca se deixam apanhar. (Pausa para um suspiro meu). Tudo isto para vos dizer, de forma quase subtil não fosse agora esta frase descarada, que cheguei aos 3 anos de idade. (Pausa para onomatopeita vossa, mais ou menos prolongada, dependendo do nível de admiração ou do vosso volume de reserva expiratório).

Olhando em retrospetiva, este último ano foi o equivalente a alguém ter assaltado a Fnac (fica a publicidade que, em boa verdade, poderia ser retribuída com um exemplar do álbum dos Ornatos que exclama a minha espécie) e ter deixado cair a coleção de experiências da LifeCooler (ou da Odisseias, caso não sejam adeptos do frio) à minha porta enquanto fugia. Ora como o ditado diz que “achado não é roubado”, eu fiz-me cão e decidi aventurar-me em testá-las, já que dizem que para currículo os anos de experiências é que contam. Se quiserem puxar do moleskine, aqui fica material para tirar nota:

1. NOITE DE CAMPISMO A TRÊS
Uma experiência terapêutica para quem tem dores de costas porque segundo os especialistas faz bem dormir no chão.
Para aperitivo, uma pequena demonstração de como montar uma tenda de noite no menor tempo possível antes que apaguem as luzes de presença. Ideal para quem gosta de desportos em contra-relógio mas não é adepto do ciclismo porque faz doer o cóccix. Com a vantagem adicional de poder usar a camisola amarela sem critério porque será sempre uma ajuda na visão noturna.
Aconselha-se um agasalho quentinho para adormecer, atendendo que, meus amigos humanos, estações de confiança hoje em dia… c’adelas?
Como Eles se esqueceram do meu saco-cama, dei um cãopasso de espera para entrarem em sono profundo e esgueirei-me da minha manta para o saco-cama d’Ele. Para mim que gosto de contacto humano como história de embalar, foi tipo o frango no topo da ração. Recãomendo.

2. FIM DE SEMANA DE MUDANÇAS
Para quem procura uma experiência anti-mainstream, esta é a oportunidade ideal para, num único fim-de-semana, desenvolver as suas soft skills e hard skills (porque empacotar caixas até é soft, mas carregá-las é um hard que lhe deu) enquanto oferece ao seu corpo várias horas de treino funcional com enfoque na musculatura flexora dos membros superiores, mas sem descuidar as pernocas no sobe e desce escadas para o primeiro andar. Se pretender levar o treino a um outro nível, é possível realizar um circuito por toda a escadaria do prédio com a caixa em braços antes de entrar no apartamento certo. Escadas com altura ideal para subir de duas em duas sem manchar as caixas com o sangue de um nariz partido.
Esta foi, para mim, uma experiência especialmente marcante, porque no meio de tanta caixa ninguém se lembrou de empacotar os vizinhos da frente e do prédio ao lado, e isso é coisa para um animal sentir falta. Mais as horas que investi a tentar desenvolver uma relação de mutualismo com a gata que tem nome e manias de pedra preciosa para ela agora ficar com o império de pata beijada. Mas eu cá me safo. A casa nova não é má de todo, só precisa de uns ajustes nas portas mas eu já me voluntariei. Ajuda a passar o tempo e mantém-me as unhas limadas.

3. SESSÃO FOTOGRÁFICA INDOOR
Sem planos para dias encobertos ou de chuva? Sem stock de fotografias para as redes sociais? Sem saber como usar a máquina fotográfica que lhe custou um ordenado sem ser em modo automático? Esta é a experiência para si. Entregue-se às mãos de um profissional e desfrute da oportunidade de testar os trinta e sete sorrisos diferentes num ambiente que não lhe podia ser mais familiar: a sua casa. A experiência fica ainda mais emocionante se estiver prestes a vendê-la e houver valor sentimental associado. O fotógrafo dá-se muito bem com animais e, segundo parece, também não tem medo de humanos. Eu sei, não há muitos assim. Posso enviar o contacto por pombo correio, desde que em troca do correio eu possa ficar com o pombo. Nada pessoal, os entendidos é que dizem que a carne branca faz melhor à saúde.

Para outras perspetivas sobre as experiências 2 e 3, podem consultar os escritos d’Ela aqui: http://pontocinco.pt/2019/08/26/a-primeira/

4. POOL PARTY ANIMAL
Party animal sim, podia ser eu. Na pool é que já não é verdade. Mas tentei. Superei-me. Estavam lá todos e eu não queria ficar a ver. Entrei. Saí. E voltei a entrar. Por momentos quase que me esqueci da sensação de ter as patas molhadas quase até à barriga. E vocês sabem bem como custa quando vem aquela onda que molha a barriga. A sorte é que na piscina não há ondulação. Esta não é daquelas que me vão ouvir a recãomendar. Mas posso garantir-vos que alguns dos meus companheiros de espécie estavam quase com o mesmo olhar de satisfação que eu imagino em mim sempre que penso numa bola de ténis. De modo que, se vos apraz, é tentar a sorte. A experiência poderá ser especialmente útil se a vossa autarquia cobra a água ao preço do linguado inviabilizando o banho humano diário.

Dito isto, isto dito, acãobou-se a história dos dois até aos três.
Com tanta experiência, estou a ponderar convencê-los a abrir-me conta no Linkedão para ver se ganho uns trocos com trabalho honesto.
Isso ou abro conta no insta que isto já dá material que chegue para me tornar um verdadeiro cãofluencer. Imaginem lá, conhecer as últimas modas em ossos, testar os novos sabores de biscoitos, viagens patrocinadas ao Grand Slam com oferta de um saco de bolas de ténis. Estou a delirar eu sei. No fundo no fundo, eu só quero é fazer uma pata-de-meia para Eles não terem que trabalhar mais e podermos ficar juntos a toda a hora, noite e dia. Já dizia o Gedeão: o sonho cãomanda a vida.

Melhores cãoprimentos,
Buddha.

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