o presente

Já lá vão 11 dias desde que completei as minhas 30 primaveras. Ou invernos, se quisermos algum rigor. E foram precisos 11 dias para que me apercebesse como me sentia em relação a esse número simpático. Há 3 anos rabisquei num guardanapo 10 coisas que gostava de “conquistar” para mim até chegar aos 30. Hoje, o guardanapo sorriu para mim. E segundos depois eu sorri de volta ao perceber que deixei apenas uma por cumprir. Espero conseguir manter as outras 9 comigo uns 30 anos mais. O meu corpo ia agradecer. Especialmente na parte que diz “Dormir mais. Mesmo.”

E aí têm, num parágrafo apenas consegui mergulhar no passado e emergir no futuro. Há pouco, enquanto os meus dedos se entretinham nas teclas do piano, dei por mim a pensar quão ténue é este “equilíbrio” de viver, sentir e aproveitar o momento presente sem, no entanto, deixar esmorecer a vontade de fazer planos para o futuro? Quanto tempo estarei eu a roubar ao presente para planear o que ainda não chegou? Assim sem grandes modéstias eu diria: bastante. Essa sou eu. Eu e o hobby preferido do meu cérebro: planear, imaginar, construir. Não nos condeno. Somos otimistas chapados por defeito. E não temos muito talento para estar parados, ou para esperar que a vida aconteça. Adoramos surpresas, claro. Mas nos intervalos gostamos de nos manter ocupados a tentar ser um pouco melhor, viver um pouco melhor, fazer um pouco melhor. Às vezes não apetece, é verdade. Às vezes não queríamos sentir que depende tanto de nós. Ser adulto é para gente grande, e às vezes só queríamos ser pequeninos outra vez. Mas temos este pressentimento que não saberíamos ser de outra forma. Ainda assim, sentimos que esse será o nosso grande desafio, talvez maior que os 10 que o guardanapo guardou: fazer mais pausas no presente. Só estar. Só ser. Só sentir. “Regar as Pausas”, como ouvimos recentemente de alguém que tanto nos inspira. Mais do que uma vez ao dia, se possível. Esse será, sem dúvida, um bom presente para estes e para os próximos 30. E o maior dos desafios.

A parte boa: não estamos sozinhos. Temos na nossa vida pessoas lindas (e um Buddha orelhudo) que nos devolvem o presente e nos ajudam a regar as pausas em cada (re)encontro. Obrigada pessoas lindas. Têm sido 30 invernos muito quentinhos e felizes.

Até breve,
Diana Bocejo
e os seus sweet 30 (mas não tão sweet como os 29 porque entretanto devo ter batido com a cabeça e decidi começar a tomar café SEM açúcar)

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