2 anos de buddha

Olá pessoas.
Hoje faço dois anos (já o donuts amarelo que recebi de prenda não vai poder dizer o mesmo, paz à sua alma agora sem apito).

Dois anos em vida de cão dá para ganhar algum estatuto. A minha personalidade está apuradíssima, daquelas de se abanar a cauda. Ele e Ela, por seu lado, continuam tão apaixonados por mim como no dia em que me foram buscar, de modo que a vida vai-me correndo bem.

Acumulei algumas cãoquistas ao longo deste último ano. A primeira secção é a dos petiscos. Finalmente posso dizer que conheço pelo menos 1/3 da roda alimentar: já experimentei legumes cozidos, frutas variadas e arroz, isto sem contar com as amostras de pecados que alguém vai largando perante a minha resiliência na hora da refeição dos outros. O barulho de um pacote de bolachas a ser aberto é inconfundível, por exemplo. Mas nem tudo são caprichos. Também como sopa. Menos quando a servem muito quente, aí fico só a olhar e a ladrar para ela. Quem sabe sob pressão arrefeça mais rápido.

Tenho também feito progressos notáveis na minha forma de comunicar. Já não ladro só. Agora faço tentativas de palavras, com diferentes entoações, e alguns rosnares pelo meio. Pela empatia, tudo.

Encontrei, entretanto, uma bola perfeita para mim. Todos achavam que a nossa relação não ia durar mais que dois dias. Mas ela tem um feitio de gancho. Não consigo furá-la por mais tente. Decidi, por isso, adotá-la, tal como eles fizeram comigo. Dizem que o karma não dorme, talvez assim ele me recompense e eu ganhe a montra final dos biscoitos.

Cresci um pedaço nestes meses, o que me complicou seriamente a arte do disfarce. 8 em cada 10 vezes que me tento esconder no meio de uma colcha ou manta acabo por ser descoberto por deixar sempre algo de fora. Estou a pensar pedir à Safira umas tutoriais sobre a técnica da invisibilidade. Sei bem que ela a domina, porque muitas vezes cãosigo cheirá-la mas não encontro o raio da gata em lado nenhum. Acho que podemos chegar a um acordo vantajoso para ambas as patas. Ela dá-me umas aulas, e em troca eu deixo-a fazer contacto direto para o meu terraço uma vez por semana durante 15 segundos. Depois disso, sou obrigado a ladrar, está na minha natureza canina.

Nos meus passeios ao ar livre, já sobrevivi a amontoados de água que parecem super apelativos para humanos mas nada tentadores para mim. Por outro lado, para que não se diga por aí que sou avesso a novas experiências, levei a cabo, muito recentemente, o meu primeiro xixi de pata alçada. A árvore não se queixou e eu não fiquei todo salpicado, pelo que considero que foi uma experiência bem sucedida. Cãotudo, não fiquei fã. Demasiada exposição ao nível dos países baixos para um cão tímido como eu.

Por último, mas não menos importante, o mais novo mudou-se cá para casa há quase dois meses. Ainda estou a aprender a partilhar o sofá com mais um, mas pelo menos ele alinha em corridas circulares por tempo indeterminado entre a cozinha e sala. Estava a baixar o meu nível de desempenho cardiovascular à custa daqueles dois velhotes, nada como sangue novo para retomar recordes. E a verdade é que eu nunca fui muito bom nisto das saudades, por isso tenho especial apreço por este conceito de objeto presente.

Enfim, contemplando a primeira foto minha de que há registo (à esquerda), parece-me inquestionável concluir que a idade me está a fazer bem (a outra esquerda). O segredo? Não posso partilhar. Mas isto de cãoviver com pessoas que gostam tanto tanto tanto de mim que às vezes até dá comichão deve ter o seu quê de rejuvenescedor.

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