olá, outono

Ele chegou.
Em tons de amarelo e castanho, e em todos os outros que no meio deles cabem. As folhas dançam, em espiral, sob o comando do vento. Quando ele acalma, elas descansam num tapete gigante que cobre o chão. Podia deitar-me nesse tapete o resto do dia, ouvi-las a ceder, estaladiças, ao peso de um corpo relaxado e feliz. O sol continua quente, para não me deixar sentir saudades do verão. Mal tu sabes, Outono, que é contigo que eu suspiro.

2018 tem sido um ano especialmente intenso para pessoas a quem eu quero muito e, consequentemente, para mim. Quando digo intenso, falo do melhor e do pior. Momentos inesquecíveis, que marcam uma vida, e, na mesma leva, surpresas tão amargas, tão injustas, tão difíceis de digerir. Hoje, dei por mim a traduzir em palavras uma das mais bonitas metáforas que descobri no Outono: consigamos nós ter a mestria de perceber e preservar o que realmente importa, e a coragem de deixar partir as folhas caducas, as surpresas amargas, as pessoas que já não querem ficar ou que já não queremos por perto, as memórias que nos amarram e não deixam espaço para que outras possam surgir. Hoje, se pudesse, eu dava um Outono a cada uma dessas pessoas a quem quero tanto. Ou, porque não, um Outono a todo o mundo. Uma oportunidade para recomeçar, para recriar e para nos recriarmos, para reconstruir, para nos reinventarmos com as novas folhas que hão-de nascer e com a certeza que, por mais duro que seja o inverno, haverá sempre uma nova primavera à espreita.

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