as judites


Em 25 anos de vida, conheci poucas pessoas que me deixassem sem palavras. Não falo de um deixar sem palavras qualquer, mas sim daquele que surge quando tudo em mim se cala para absorver cada palavra, cada mensagem, cada pedaço de sabedoria que aquela pessoa tem para transmitir. Uma sabedoria que não vem (só) dos livros, mas de uma coleção de experiências de vida que nos vão moldando a personalidade, eliminando muitas das nossas jovens certezas e, mais do que tudo, nos ensinam a ver em perspetiva.

E nem tudo são coisas boas neste percurso. Aliás, diz-se por aí que são os momentos difíceis os verdadeiros professores da vida. E essa é mais uma razão que me faz admirar quem por eles passa e ainda consegue soltar gargalhadas valentes que absorvem qualquer recordação mais triste.

Como eu disse, na azáfama do meu dia-a-dia, não encontro muitas pessoas assim. Talvez por ele ser exatamente uma azáfama e deixar pouco espaço para (re)encontros. Talvez eu não seja facilmente impressionável a este respeito. Ou talvez tenha ainda muito que aprender na arte do saber ouvir. É incrível a quantidade de coisas que podemos aprender quando nos dispomos realmente a ouvir alguém assim. Hoje foi um desses dias. E sempre que um momento assim acontece, dou por mim a pensar nos tantos outros que perdemos pelo caminho.

Ter muitos anos não é só sinónimo de dores nas articulações, cabelos brancos e pele com os vincos que o tempo deixou. Ter muitos anos é ter um baú de experiências e lições de vida prontas a serem partilhadas se nos dispusermos somente a ouvir. Venham mais dias assim, e mais pessoas assim, que nos inspirem, que nos absorvam a atenção e nos façam querer que as horas não voem. E venham mais ouvidos atentos, menos certezas, mais suspiros de admiração.

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