Esta é a minha foto preferida de um fim de semana próximo, estava fevereiro a despedir-se e março a entrar em cena. Um fim-de-semana de passeio, de mãos dadas e abraços sem medo, em que a única preocupação era encontrar as amendoeiras que ainda – ou já – estariam em flor. É que, segundos os locais, fomos “demasiado cedo”, ou já fomos “demasiado tarde”, para as ver assim, com a sua roupa de gala.
Olhar para esta fotografia agora é, para mim, ouvir uma melodia de emoções.
É serenidade e beleza, é esperança por saber que as flores vão voltar no ano que vem. Que no meio da imprevisibilidade do momento que vivemos, o mundo vai encontrar o seu equilíbrio e seguir em frente. Como sempre faz, como sempre fez.
É tristeza e melancolia, por tudo o que, naqueles dois dias de passeio, dei por garantido. É humildade e reconhecimento perante um universo maior e mais poderoso. Perante ele, nós, humanos, somos afinal tão frágeis como as flores das amendoeiras lá do alto, que voam montanha abaixo à primeira rajada de um vento mais forte.
É a certeza que podemos estar sozinhos e continuar erguidos, porque as nossas raízes são profundas, e não nos falta o alimento para o corpo. É a inspiração para trazer alguma da nossa cor a estes dias cinzentos, de levar um pouco dessa cor, dessa luz, aos nossos que estão por perto e aos que, mesmo longe, podem estar tão mais perto do que algum dia foi possível. Não deixem de vestir a vossa melhor cor, não deixem esmorecer essa vossa luz, não deixem de escolher amor e bondade para com o outro, e agora mais do que nunca, para com a sociedade.
E não deixem de repetir, agora ou sempre que precisarem de o ouvir:
dure o que durar, só há um caminho possível: (vamos todos) voltar a florir.