Ela nasceu, Mulher.

Ela nasceu.
E já vem com a história meia contada.
Vai ser bonita e educada
E usar saia rodada.
E vai fazer-se merecedora de um homem,
forte, que a proteja
dos seus sonhos e ambições:
esses tão temidos ladrões.
Vai ser, assim, a mulher de alguém,
e um dia dará uma boa mãe.
E daí pouco mais fica por dizer,
daí, pouco mais fica por viver,
cumpridas estão as obrigações
de quem assim nasceu,
mulher.

Ela nasceu.
Mas não lhe serve essa história
que tantos lhe tentam narrar.
Guarda, por isso, as expectativas,
as ideias preestabelecidas,
as fronteiras, as tradições.
Nela, vive a força do mar revolto
vive o grito de gerações,
vive a história por contar.
Ela nasceu.
Independente, irreverente.
Há quem lhe chame diferente.
Não a temas, ela não quer o teu lugar.
Ela quer ser livre para pensar.
Para falar.
Para se responsabilizar.
Ela quer ser ouvida, quer ter uma palavra a dizer.
Ser dona de si e do seu corpo.
Ser livre para escolher.
Está tudo bem, não precisas de a proteger.
Ela não espera, tão pouco, que consigas compreender.
De ti ela espera respeito.
E que também tu, ao teu jeito,
possas viver em liberdade.

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Vozes da Mulher

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