mulher-montanha

Hoje conheci uma montanha. Forte, firme, sólida. Uma firmeza que parece ter sido construída ao longo dos anos. A solidez de quem já viveu ventos fortes, chuvas pesadas, mas se manteve erguida, determinada, resiliente. A força de quem fez braço de ferro com algumas tempestades e saiu vencedora. Com marcas, é certo. A erosão não perdoa. Nem mesmo a ela, personificação perfeita da expressão “força da natureza”. Contudo, não é a erosão que a define. Na verdade, aos meus olhos, ela é o mais bonito antagonismo que eu já conheci. A incrível simbiose entre força e delicadeza. Talvez ela não se aperceba, talvez não se reconheça nesse quadro. Mas quando olho, mais atenta, vejo caminhos de subtileza que me fazem pensar que o amor passou por ali muitas vezes, e de todas se demorou.

Esta montanha enche a sala, tal é a sua imponência. Mas, note-se, sem fazer sombra às demais. Pelo contrário, a sua luz é tão intensa e genuína que, quando o sol lhe aquece o rosto, as montanhas vizinhas brilham com outra intensidade. Dou por mim a querer sentar-me ali, num cantinho, parada no tempo, a contemplá-la.

A beleza desta montanha não cabe num retrato, numa imagem. Não está ao alcance do pintor mais talentoso, nem do fotógrafo mais experiente. A beleza desta montanha vive na sua essência. Na forma como se move, na segurança com que se expressa. Vive na personalidade vincada, nos rasgos de doçura, no seu sentido de humor tão próprio. Vive no charme de uma auto-confiança conquistada com as armas mais meritórias: esforço e dedicação.

Esta é, para mim, a verdadeira beleza de uma montanha.
Esta é, para mim, a verdadeira beleza de uma mulher.

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