Mulher, que tanto te cobras
só hoje, dá-te uma folga.
Baixa a guarda. Aceita.
Só hoje, não precisas de ser perfeita.
O mundo safa-se, por umas horas
enquanto tu te demoras
no capricho de, só hoje, não seres mil.
Apenas uma.
Apenas tu, em suma.
Mulher, que tanto lutas
só hoje, baixa os braços,
entrega-te.
Dá-te o descanso da resignação.
Amanhã é outro dia,
e essa guerreira que em ti mora
não há noite que a leve embora.
Ou pausa que a amanse.
Amanhã, feita a madrugada,
erguer-se-á, revigorada,
e com ela a sua missão.
Mulher, que tanto (te) dás
só hoje, aceita (de volta, sem volta).
O mimo. A ajuda. O cobertor.
O abraço que acalma a dor.
A preocupação de quem cuida,
os erros de quem se descuida.
Ou tudo o resto que por aí venha,
se por aí vier com amor.