Se eu tivesse que escolher o pecado mortal com que mais me identifico não havia espaço para grandes hesitações: a preguiça. Mas, de quando em quando, a inveja faz-me umas visitas.
Nos últimos dias tenho tido o privilégio de ouvir profissionais da(s) minha(s) área(s) de interesse a partilhar ideias, conhecimento, paixões. Pessoas realmente inspiradoras. Aquele tipo de pessoas que te faz ambicionar um dia chegar aos seus cavados poplíteos (porque chegar aos calcanhares não seria ambição). Aquele tipo de pessoas que te tira o tapete, te faz questionar o pouco que achas que já sabes, te faz pensar que vais demorar três vidas a começar a ter algumas certezas. Aquele tipo de pessoas que te ficam na cabeça porque tocam nas tuas inseguranças, nas tuas fragilidades, nos teus sonhos. E, sem saberem, te desafiam com o seu discurso inspirador. Aquele tipo de pessoas que faz perguntas inteligentes. Que pensa fora de todas as caixas. Isso é o que eu mais invejo: pessoas que fazem perguntas. Se eu já fui uma delas, acho que esse talento não sobreviveu à idade dos porquês. Pessoas que fazem perguntas abanam o mundo, fazem com que ele gire com mais charme. Pessoas que fazem perguntas fazem a diferença. E como eu as invejo.
A todas elas, deixo o meu profundo agradecimento.
Por abanarem o meu mundo.
Por terem contribuído para muitas das (poucas) respostas que hoje tenho.
Por terem aprendido a partilhar o corpo com uma cabeça que não pára de questionar. Fazer perguntas cansa, imagino eu.
Obrigada por me fazerem estas rasteiras e me obrigarem a levantar e continuar a jogar a bola para a frente, com ainda mais vontade.
Obrigada por me tirarem o sono. Por serem a minha adrenalina e a minha frustração. Por serem a minha mudança.
Quando for grande talvez também eu faça perguntas.