Adoro despedidas. Adoro o sentimento que torna a despedida daquele casal, no aeroporto, infinita. Que os faz abraçarem-se e dizerem, numa troca de olhares e suspiros, “é a última”, e quando volto a procurá-los continuam ali, no novo último abraço, carregado com tanta emoção que me deixa os olhos lavados.
Não gosto de despedidas. Não gosto de despedidas por me deixarem os olhos lavados, por me apertarem o peito como se fosse eu que estivesse ali, naquela angústia. Adoro despedidas por me fazerem valorizar os meus e sentir sortuda por os ter tão perto. Não gosto de despedidas por me fazerem pensar que devia estar mais vezes mais perto dos que tenho tão perto quanto umas horas de carro, um voo de avião, um café fora de horas, e, ao mesmo tempo, parecem estar tão longe. Não gosto de despedidas por sentir que os pais que abraçam a filha no aeroporto e sabem que aquele vai ser o primeiro de muitos abraços assim ficam, naquele momento, incompletos e sem chão. Adoro despedidas por mostrarem, da forma mais frágil, exposta e sincera, os sentimentos mais bonitos de que são feitas as relações.